Ah! Desgraçada camisola de seda! És tão cintilante quando tuas cores vibram brincalhonas com meus olhos e mui brutal tua sedução milagrosa e repentina.
Desaforada camisola de seda, põe-me a fantasiar as loucuras da moça inocente!
Alucinante e trágica és, feito súbita névoa encobrindo a bela paisagem pela qual me antecipo como um sopro quente precedendo o chuvaral na floresta aquecida aos afagos risonhos deste verão.
Se eu pudesse, querida camisola de seda, te abraçaria todo dia; pois sua textura assemelha-se ao vestido de cetim da carne macia que lhe veste para alimentar-me a vida, pois se ela é tua dona és minha também; mas sobre ti não tenho controle. Porque vieste se interpor a nós? Porventura, são tuas as curvas e os declives sinuosos por onde sempre me perco arremessado na escuridão aquentada ao brilho lunar?
Te quero longe de mim, mas a fantasia toda mora em sua nobreza. Porém, abandoná-la seria minha traição, porque igual a mim, valor nenhum tens, e sim, o que possuis. Tu encobres o belo, o corpo sagrado, levas muitas graças ao meu amor; abandonar-te, então, seria lançar fora a mentira que me é vital, parte absoluta de mim: a magia que meus olhos lançam sobre a vida.
Ilustração: "pequenos mimos"
Fonte: http://carlalilianaoliveira.blogspot.com/
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