Não. Descreio completamente que minha dor maior venha da despedida permanente que mora em teu semblante ou o fato de eu ter te amado demais e até mesmo incorretamente, pois ainda se falasses mil vezes que meu amor por ti foi uma cisma replicante, eu sei o que representastes para mim e por isso, devo lhe agradecer – por te conhecer de perto –, ainda que hoje representes nada mais do que aquela antiga e estranha beleza – uma fotografia revelando a magia feliz de um tempo doloroso, um filme sem o fim esperado, o insucesso da viagem sonhada. Na verdade, agora posso admitir que o problema todo, como sempre, flui de mim, pois ele é minha parte inseparável, eu sou o epicentro, a raiz dos meus-teus problemas. Sinceramente, sei que a culpa toda foi minha como você mesmo sempre soube a ponto de dizer muitas vezes; visto que, se eu não fosse tão aventureiro poderia de fato ser mais feliz, feliz contigo, todavia, meu inconformismo – com a tristeza que emana de tua beleza – não te recebe, de modo que sua cólera, suas grosserias descabidas que me constrangeram e me feriram demais é o seu mundinho em que não há lugar para mim – isto você me advertiu várias vezes –, porquanto, essa tal cólera é a coleira que jamais aceitei, pois sou pássaro de voos estranhos e distantes de tuas altivas planícies.
Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagens mais visualizadas
-
O cupido é um anjinho bom que se diverte arrumando namoro para todos e fazendo muita gente feliz. O Renato, por exemplo, era um cara ...
-
Nas esquinas de sonatas vi você passar e o "ali" já não havia... Nas ladeiras desse amar-te ouvi dizer que no inverno o flore...
-
Na mesma praça, no sempre novo e único crepúsculo vespertino de Dezembro em que se banhavam com as cores e luzes fervescentes do verão...
-
A barquinha corta o mar deixando um traço branco de espuma por onde passa igual a esquadrilha da fumaça que desenha um coração de nuvem n...
-
"A guerra nunca é um fim último (...) Na terra de quem ama, até a morte é adubo e a tragédia, fecu ndidade."
2 comentários:
Voe! :)
Não podemos ser o que o outro quer,não podemos perder a nossa identidade.
Beijos
Postar um comentário