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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Soneto ao feitiço e ao feiticeiro - Sergio Martins




Aguardo ansiosamente a lareira de mais um inverno,
aguardente expectativa feito redemoinhos;
há coelhos acuados, cheios estão os ninhos,
formigas descobrem funduras e se perdem no tempo.

Acende-se o tronco seco- quebrado, furtado e preso às raízes
de desprezo pelo tempo- no anseio pelos brotos,
avermelha-se de fúria, esquenta-se de desgostos;
de nada valerá: fumegará ao som dos seus estalos infelizes.

As águas se esconderam para sempre desse andarilho aventureiro,
o fogo que lhe consome é feitiço dado ao feiticeiro
que desbravou mares e desertos, mas que só achou espinhadeiro.

No fogo e frio, o feiticeiro encontrou seu amor - tino existencial -,
alimento sólido para a beleza imensurável do seu ser;
mas o fogo - arquiteto e inquieto - consumiu todo o seu cafezal.

Um comentário:

Ani Braga disse...

Boa tarde Sérgio querido


Achei lindo o comentário que você deixou no blog...
São palavras lindas demais... Todas suas?????

Beijos
Ani

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