Acima: esvoaçante nuvem à meia-luz do céu.
Abaixo, um Ipê branco e onipotente em meio à esquisitice do tempo - som florestal na quietude sombria - oxigenando o ar empoeirado...
A ventania temperada precede a chuvarada, os gotejos de um olhar invernal, a tristeza que flui das cavernas lacrimais – impressão digital de espíritos misteriosos: marca d’agua na folha estradeira deste chão desprezível atingido pela divina Graça...
Um dia, qual fumaça que se esvai ligeiramente e quase despercebida, em milhares de partículas se fará esta folha simples, então, velejantes ao ar, nascerão poeiras coloridas dourando o ar ao contato das lâmpadas, conhecendo os caminhos que encontram destinos incessantes – é concerto sinfônico que não deságua e jamais acaba...
À folha, restará a lembrança que sua terra é sabedora que a ela pertence a moeda estável, aquilo para o qual ela foi destinada e que sem rebeldia permitiu-se desabrochar: a aventura de coabitar com a herege e sacra vida...
O namoro com o amor foi reencontrado, milhares de folhas voltarão a se encontrar pelo chão – comunhão de um mundo invencível, poesia coabitando, fazendo canção na folha estradeira e feliz...
Imagem: http://poetabancalero.blogspot.com/2010/07/folhas.html
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