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domingo, 7 de novembro de 2010

Jardim da Saudade por Sergio Martins



Abaixo do gris celeste, a lápide enevoada
dissolve-se, traduzindo minha alma anuviada.
Desse espelho, minha vida pela garoa escoava,
esmorecia à incerteza da primaveril alvorada.

O chuvisco da tarde lava a sombria face,
mas não livra o espírito do vento sulino:
o pássaro estrangeiro prendeu seu destino
em núpcias de mortes, e embrumada, jaze

Ao barro uma asa do frio firmamento.
Às penumbras, todo o bom sentimento
mergulhará neste magoado firmamento.


Já pela manhã, todavia, mesmos os capins esquecidos,
hão de dourar-se, tais quais, dos amantes entristecidos,
os funestos Crisântemos, os beijos e vinhos falecidos.

(Jardim da Saudade/ Sergio Martins)



Foto: Cemitério Jardim da Saudade/ http://commons.wikimedia.org/wiki/Main_Page

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