Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Soneto da fonte doce e pura por Sergio Martins
Bebi da fonte doce e pura abaixo do céu fecundo
e a juventude inesgotável germinou,
extinguiu toda a neblina que fechou
a mina dos teus olhos e lábios para o meu mundo.
Foi, é e será somente para mim teus curativos mananciais,
o teu leite de deleite é para meu deleitar de leito,
o freio repentino do prazer que vem de teu peito
inseguro e teu partir-não-partir serão meus abismos astrais.
Não, não era o teu corpo que dali fluía qual bebida
essencial do meu ser, o olhar da manhã limpa era o
enigma de onde brotam suas palavras cuja boa vida,
em mim se faz perene; pois em teu olho-d'água sou rio banal
de água sedenta que corre até ver que é mar estéril e que é
outra a sua nascente: gotas em que sempre bebe o seu fim cabal.
Imagem: http://antoniomoreiradasilva1.blogspot.com/2010_04_01_archive.html
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