Dormindo em paz, o bebê no colo materno
traz-me a ânsia de reclinar satisfeito
no solo de amor falso deste mundo estreito
onde o não querer ser adulto é sonhar no inferno.
Deitado no chão das esquinas e das praças, o menino flagelado
faz-me - em vão procurar meus pais e a chorar -,
desejá-lo em meus braços e entoar sua canção de ninar
depois de brincar e de vê-lo dormir feliz num leito aquentado.
Quero ser criança. Por isso, sofro com a infância desamparada...
Sou um menino em prantos, refugiado na luz cinza,
amedrontado pelos uivos da floresta à décima segunda badalada...
Mas não é o medo do escuro que assusta, não é a saudade que me aciona;
são os monstros gigantescos, os “mais velhos” infernais; e se sinto as
dores do mundo; é porque o menino abandonado não me abandona.
Foto: http://liebelima.blogspot.com/
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