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segunda-feira, 8 de julho de 2013

A exímia jogadora - Sergio Martins




Não vá competir comigo,
meu jogo é café com leite,
tudo vai ser sem graça,
serei previsível...
Meu querer é um outro falar, já estou do lado de lá e tornei-me um estranho pra você; então, nem adianta ver se estou na esquina, é isso mesmo, não pague pra ver, siga seu curso de rio inquieto, deixe-me aqui no meu porto inseguro, pois esse menino travesso e irresponsável só quer folia.
Desfaça esse batom brilhante porque você entendeu tudo errado, na realidade, minha aparência te enganou; não acredite tanto em mim quando eu estiver na companhia de um Chivas Regal 12 anos. Olha, minha casa será esse samba de crioulo doido de sempre, meus queridos amigos que você não suporta jamais sairão daqui e eu pareço louco mesmo; meu carnaval dura o ano inteiro.
Jogar comigo é covardia eu sou água com açúcar, o velho bobo de todo dia...
Mas me diga, você não sabe perder, rir da própria derrota, se admirar com a tática adversária?
Será que você é só essa boneca de vidro, apenas uma exímia jogadora?
Quer saber duma coisa? Desconheço caretice e monotonia, mas às vezes, é melhor ficar com meus carrinhos de ferro e bonecos de mangá a brincar com seu Tomara que caia e com seu pequeno vestido de lycra que desafia a lei da gravidade.
Sou mesmo esse apolítico sem religião e você nunca vai saber como é viver no velho oeste onde há tiroteio quase todos os dias...
É, como o mundo dá voltas! E você só veio me procurar quando tudo se tornou entediante...
Que se dane minha educação, toda a teoria sobre coisas do além, metafísica ou como ser um menino certinho; até te entendo, sei como é chata e deprimente a vida dos conservadores...
Já perdi as contas das vezes que lhe pedi:
não jogue comigo,
não vá furtar o doce da boca da criança...

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