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terça-feira, 2 de julho de 2013

Rezinga – Por Jonathan Raymundo e Sergio Martins



     

Num crepitar fulgente mergulhado às sombras dessa lua, fiz minha conclusão – cisão de antigas convicções.
Se é que um homem como eu, merece a tosca paz das convicções. Ao menos essa dor poderia ver se estou na esquina.
Iludido sim, mas só pelas minhas simples e extraordinárias fantasias. É de curva, é de se cruzar, se co- habitar e se alienar nos braços da paixão que criei e que não hei de partilhar com ninguém.  Assim se dá meu isolamento de infindo domingo: sou só um homem de apenas desejar este homem só.
Domingo. Dia chato, monótono, frio. Lembro de ti, mas esta lembrança também é monótona como as imagens digitalizadas que extraem da vida seu movimento. Sou apenas fantasia, quiçá seja só isso quem em mim ainda vive e tudo mais que se comunica - ato vulgar necessário a tudo o que morre.
Ah! vida de atalhos e amor não meu, quem me livrará de sua simplória e triste beleza? Quando amanhece tenho as luzes e as cores de tua face maravilhosa e o mundo é tão inspirador em seus enigmas, no entanto, trago em mim o poema de teu corpo que traga de minha alma todo o prazer e a calma de nossa Belle Époque. 
E comungo da comunidade dos eternos. Janto com Pessoa, acordo com Lispector, troco risos com Poe, Pound se aproxima, Rimbaud, Baudelaire se une à comunidade dos últimos românticos. Eu romântico? Eu com os mestres da literatura mundial? Quanta tolice povoa a mente dos desesperados.
Sou estrangeiro, estradeiro, viajante de minhas credencias. Embora perplexo com a estranheza desse universo, dormirei amante do prazer, embevecido do vinho que me acarinha, convicto por ter a solidão e a tristeza como queridas e fiéis amigas. 

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