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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Amores de viagens - Sergio Martins





Uma paisagem é amada, de modo que será eternizada na tela do pintor. O que os olhos desejam perpetua-se no sentimento: vontade-necessidade que se é pintada/fantasiada, vida que se torna nova - arte. Até que chega a hora de o quadro ir... A saída do quadro é ausência que dará ao pintor a oportunidade de criar, de captar outras belezas... assim, sua arte se torna sempre nova - vida.
A viagem da pessoa desejada, a perda do suposto (auto)controle... Para alguns, a ausência do objeto do desejo pode ser tão drástica quanto a luta de um peixe fisgado contra a inevitável morte. E penso que há tantas mortes que uma pessoa pode experimentar - mortes sem sentido algum/desperdício de vida... Belas pinturas nos quadros que se vão, distância e saudade unindo a criação (arte) ao seu criador, repetição de idas e vindas...
O pintor sabe que em tudo terá de pôr novas cores para que sua existência tenha sentido: aceitar a perda e a morte com leveza, absorver o prazer de cada instante - o nascimento/a ressurreição de cada amanhecer... Amores de viagens têm sabor agridoce - dor de um prazer que prossegue.


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