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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Das alegrias de viagens - Sergio Martins




Tudo o que amamos queremos eternizar. 
Quando o alimento é prazeroso desejamos a degustação calma, como o despetalar sem pressa de uma flor, o vagaroso desnudamento  do prazer... O que nos alimenta a alma e o corpo nunca é apenas alimento, por isso ansiamos que a fome jamais termine. Amor é arte antropofágica. Nele, nunca há a mera necessidade pelo saciamento da fome; tudo é o prazer do compartilhamento, a beleza que alimenta os olhos, a graça da arte culinária: refeição simples e extraordinária de cada dia... Viver é comer e dar-se de comer... Somos tudo o que do corpo e da alma comemos - num ciclo vicioso: amor ao prazer, vício pelo prazer - contrariamente ao prazer pelo vício... 

Amamos a paisagem e dela fazemos um retrato para eternizar aquele momento mágico que nos encantou... Quem ama abre a gaiola porque tem prazer no voo do pássaro. Há pássaros que voam sempre lado a lado (como acontece no casamento), feito tentativa de eternização de um amor correspondido... Mas há a beleza rotativa que perdura no íntimo dos estradeiros que se apaixonam pela mesma paisagem muitas vezes, esses são pássaros solitários, de voos longínquos, que só podem ser feliz viajando, levando pólen de alegria por onde passam...
Há pássaros que amam intensamente; mas têm a necessidade de viajar...

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