Sumirão
Remanso, Casa Nova, Sento Sé e Pilão Arcado;
serão Atlantis,
pedras no caminho, patrimônio tombado.
Três
Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó;
agora se
juntam em fragmentos pranteando um mesmo dó:
Foram-se
piracema, espécies migradoras; Pirá e Surubim.
Não vi
algum Curimatá-Pacu, Curimatá-Pioa, Tambaquim.
Desceram
Matrinxá, Dourado, Cachara do Pará e do Maranhão,
Piau-Verdadeiro
e Tilápias do Rio-Mar perdido em sua imensidão.
Sem amor,
transportaram o Velho Chico para um aquém-mar
(e de
desdenhosos deuses); a reza de Tucunaré não pode salvar
o
ecossistema suprimido e o fogo de agricultura,
pois a
humana erosão é insaciável - não tem cura.
Do
Bagre-Africano é inútil toda a sua devoção ou crença
no óbito da
hidrovia, quando livre assoreia a indiferença,
a
revitalização estúpida, a exploração pela exploração;
a cultura
do consumo turístico, o paisagismo em vão
e a
arquitetura arborizada dos fúteis parques ecológicos;
como se
estas águas fossem desnecessários sanatórios.
Com sua
acelerada procriação, a Carpa sequer amenizará
a fome do
capital que da cobertura verde não se fartará,
a miserável
pesca das tribos, a poluição em disparada,
as cidades
submergidas, os ribeirinhos sem nada,
nem do
poder por mais poder, da moeda forte e frígida;
de nosso
progresso: câncer mortal de minha alma hídrica.
* Opará significa Rio-Mar em tupi-guarani; nome dado pelos índios ao rio São Francisco.
Um comentário:
olá Sérgio, belo ensaio cultural ...acentuar o que nossos olhos não querem ver através da escrita poematizada com tanta ênfase . Apesar da submersão imposta à natureza ela insiste em continuar bela, mesmo diante da insensibilidade do "humano", emergindo continuadamente. Abraços.
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