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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Porta fechada - Sergio Martins





A porta continua fechada desde a violência de um vento estranho... Como se eu fosse um espectro, no velho casebre, as coisas tocam meu corpo enquanto as pessoas que por aqui circulam não melodiam minha alma...
Do espelho, um passado estilhaçado. Da vidraça, uma barreira escura entre o que sou e onde estou. Nos retratos, enxergo que sou todo-ontem. No quadro embaçado, onde os dias de ação de graça não disfarçam as rugas desse rosto, a poeira esconde os dias ensolarados...  A varanda vazia, o quarto minguante - para uma lua distante -, a cozinha sem os sabores festivos – é a fugacidade da esperança no funeral de mais um ano que deveria ser novo...
Quando me dei conta do término do outono eu estava diante do esplendor desse planeta azul, contudo, não senti aquela canção e o mesmo aconteceu quando não vi o céu venusiano de Julho; apenas sei que cheguei na mesmice pela qual não consigo mais abrir a porta.

Um comentário:

frô disse...

Abrir a porta quebrada é tarefa sempre dificil.

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