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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Soneto de menino - Sergio Martins



Dormindo em paz, o bebê no colo materno
traz-me a ânsia de reclinar satisfeito
no solo de amor falso deste mundo estreito
onde não querer ser adulto é sonhar no inferno.

Deitado nas esquinas ou nas praças, o menino flagelado
faz-me - em vão procurar nossos pais e a chorar -,
desejá-lo em meus braços e entoar sua canção de ninar
depois de brincar e de vê-lo dormir feliz no leito aquentado.

Quero ser criança. Por isso, sofro com a infância desamparada...
Sou um menino em prantos, refugiado na luz cinza dos mortos,
amedrontado pelos uivos da floresta à décima segunda badalada...

Mas não é o medo do escuro que assusta e a saudade que aprisiona;
são os monstros gigantescos - os “mais velhos” infernais; e se sinto as
dores do mundo; é porque o menino abandonado não me abandona.

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei do soneto e do sonho de menino.
A vida nos ensina a amar e nos mostra o desencanto e o desamor.
Ser menino é acreditar e reviver o tempo de ser criança sem maldade nem sofrimento, sentir-se amado e protegido...

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