com olhos brilhando, acena pra titia que a calçada veio varrer.
Chuta pedrinhas e latas, acaricia o cachorro, agarra-se ao portão,
assovia pro papagaio, mia ao gatinho, no muro, faz desenho de carvão.
No piso molhado da calçada que a vovó lavou, escorrega no sabão,
nas nuvens de suas idéias e na espuma surgem bichos de estimação,
lá onde ela voa acima dos prédios, toca em estrelas, segura o trovão,
apara as pipas voadas, segue as borboletas e pega carona num avião.
Descendo um pouco mais, faz da pracinha seu parque de diversão:
corre no campo, no escorrego desliza num papelão,
voa na gangorra, surfa em pé no balanço e gira feito um pião,
depois senta à sombra admirando o céu azul em que passa um gavião,
dá cambalhotas na grama onde achou uma bola de gude pro seu irmão.
Cá embaixo, rabisca o chão, espanta os pombos, observa a mangueira,
quer subi-la mas não consegue ao menos pular o cercado de madeira,
depois, pula para pendurar-se na goiabeira,
porém, só alcança uma pequena roseira.
Ela é a filha de dona Lú, que também é uma gracinha;
que na infância também descia e subia essa ladeirinha
flutuando bolha de sabão, cantarolando com a cabeça lá em Marte
apertando campainhas, mostrando sua língua e fazendo muita “arte”.
Mas agora, é esse outro anjinho que vai à padaria da portuguesa,
que contagiada pela menina diz: essa é a minha melhor freguesa!
É uma festa feliz de se ver
esse pingo de gente crescer!
Ao sair de casa Brina levava um ursinho de pelúcia na mão,
ao voltar, traz bombons, algumas balas, uma flor amarela
e uma rosa branca para “mainha” não brigar pela longa espera;
todavia, não adiantou nada: todo dia é a mesma enjoação,
ai meu Deus, o dia inteiro para chegar este bendito pão!
E tão logo, “mainha” brinca: igual a mãe quando criança. É de dar dó...
e começa a rir quando Brina diz: e você repete tudo o que diz sua vovó!
Imagem: Google
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