Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Ocaso da manga por Sergio Martins
Esverdeou-se o mar ao amanhecer:
manga pequena, endurecida de prazer.
Âmbar fez-se a tarde sonolenta e o anoitecer dormente:
manga vermelha do meu crepuscular áureo e silente.
Do amarelo seu, minha água de boca sedenta- um grande sofrer!
Perfume doce, chuva de arco-íris do meu amadurecer.
Foram muitas as luas e breves as euforias:
madrugadas demoradas- juventudes apodrecidas!
“Foi-se a manga, virou adubo, quanto dissabor!
mas até hoje guardo seu sabor...”
E por fim, tal caso seria meu ocaso definitivo
não fosse a infindável alegria deste fruto divino.
Foto: http://bbel.uol.com.br/comportamento/post/frutas--como-se-servir.aspx
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