Tem muita sede o rio adocicado
que desliza veloz de pesar
só para o momento esperado
de livrar-se da margem estreita e se amargar.
No mar, o pescador se deixa fisgar,
fustiga-se ao sol e ao temporal
só para o momento esperado nas salinas do amar
feito gaivota – voo devoto, obscuro e abissal.
Tem prazer a flor triste de sacro altar
profanado pelo abandono e ingratidão,
só para o momento esperado de se arremessar
num outro oceano qual virgem sem amor e sem par.
Imagem: http://colhendobonsventos.blogspot.com/2010/09/dois-relogios.html
Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagens mais visualizadas
-
O cupido é um anjinho bom que se diverte arrumando namoro para todos e fazendo muita gente feliz. O Renato, por exemplo, era um cara ...
-
Nas esquinas de sonatas vi você passar e o "ali" já não havia... Nas ladeiras desse amar-te ouvi dizer que no inverno o flore...
-
Na mesma praça, no sempre novo e único crepúsculo vespertino de Dezembro em que se banhavam com as cores e luzes fervescentes do verão...
-
A barquinha corta o mar deixando um traço branco de espuma por onde passa igual a esquadrilha da fumaça que desenha um coração de nuvem n...
-
"A guerra nunca é um fim último (...) Na terra de quem ama, até a morte é adubo e a tragédia, fecu ndidade."
Nenhum comentário:
Postar um comentário