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sábado, 30 de outubro de 2010

O retrovisor por Sergio Martins


Para onde vão tuas canções sem o horizonte e suas linhas?
Eu sei que procuras o sol da manhã e que caminhas
às pressas para as festas e ao seu trabalho,
mas no carro, vês no retrovisor que seu caminho é só um atalho,
pois no silêncio, na noite sem luar, sozinha, não podes se esconder
e, tão distante, carregas comigo o peso do amar sem viver.

Mas há esta vida inteira que eu não quero perder,
enquanto presumo que um dia vais entender...
Você diz que está bem, mas ninguém sabe do vazio em sua cama.
Como pode ser feliz quem não sabe dar amor a quem ama?

Para onde vão tuas mãos sem as trilhas quentes das minhas?
Eu sei que se torturas em seus templos – subproduto das vinhas –
às vésperas da loucura, onde sem paz e alegria tudo é falho...
mas na dor, no quarto, em dia frio, só eu sou seu agasalho,
pois sem poesia toda verdade é utopia de enlouquecer
e sem felicidade, tudo é vaidade: encanto fadado a esmorecer.


Mas há esta vida inteira que eu não quero perder,
enquanto presumo que um dia vais entender...
Você diz que está bem, mas ninguém sabe do vazio em sua cama.
Como pode ser feliz quem não sabe dar amor a quem ama?


Imagem: http://juliadr.blogspot.com/2010/05/retrovisor.html

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