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sábado, 30 de outubro de 2010

Passa por Sergio Martins



Passa mais outra página onde irei voltar e passar.
No seu olhar me passei adiante - estou passado,
pois na liberdade das borboletas te vi passar.

Por mim, deixo você transpassar para o medo não me passar.
Em branco passa o negro passado e essas marcas hão de passar.

Do raso ao íntimo, vejo uma criança que velozmente me ultrapassa;
então, naquele passado não mais passam mal meus passos,
pois a infância é um paço imperial: presente sempre presente. Rio que não passa.

Passa a largo o silêncio frio das madrugadas no olhar colorido do céu brilhante que passou para baixo a monotonia triste da campina no quadro empoeirado que o pintor esqueceu de pôr vida - e de graça passar.

Passa o passarinho cantante se contrapondo ao rumor das ondas anunciando que a maré alta vai passar.
Passa à frente o carteiro, um passaporte me levando até você; daí, te vejo: campo florido que passa.

Você, minha verdade absoluta, correnteza de um sentido maior, rio de um Janeiro que me chama a passar junto, a trocar, a não deixar o amor passar.

Tudo passará, nada se perderá e tudo se reconstruirá se você passa a me habitar; se de norte em norte do seu caminho me fizeres passar.

Por crer, por ter você e por amar,
sinto muito se um indiferente olhar
pelas estrelas passar - vejo tudo ficar e o nada passar.

Imagem: http://vivopelavida.com.br/2009/04/12/feliz-passagem/

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