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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Soneto com dores e amores por Sergio Martins


Com dores e amores, muitas vezes, a raiz voltou a nascer
sem ressentimentos, conduzida por um perdão em flor,
crendo que o corpo de sua velhice teria a força do amor
no coração lodeiro da terra que lhe recebeu sem prazer.

Com dores e amores, a mocidade fechada no frio da serra
lançou a amargura lameira; mas sossegará seu cansaço?
descansarão aliviados, seu frágil corpo e o seu espaço
na estranha, infértil, incompreensível e distante terra?

Com dores e amores, a terra se recusou a comutar
afeto e a nutrir paixão na pobre raiz, e copularam
suas cores, seus odores e sabores – tristeza de luar.

Com dores e amores, sem ter razão feliz no mangal,
a raiz embebedou-se com a cicuta da terra má entre
as Coroas de Cristo e os Crisântemos do seu Funeral.

Pintura: http://poesiaeafins2.blogspot.com/2009/11/aquarela.html

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