Amanhã vou queimar meu filme, faltar ao trabalho, botar pra ferver,
não vou morrer na praia, vou tirar onda. Tô nem aí, doa quem doer.
Vou pra galera, mentir na cara-de-pau, ouvir a verdade também,
mas se ela não for bacana que se dane, não devo nada a ninguém!
Não ficarei a ver navios nem a chorar o leite derramado,
vou mostrar minhas unhas, criar asas, ficar chapado,
enfiar o pé na jaca, não vou nem ligar, nada vai me aborrecer,
hei de cair no samba, meter a porrada, pagar mico, pagar pra ver.
Vou me enfiar nesse jogo de espelhos, escancarar,
gritar pra quem quiser ouvir, me desavergonhar.
E que os fins justifiquem os meios,
adeus à segurança inerte e anseios,
pois não ficarei mais louco de preocupação,
chegou a minha vez, bye-bye pra obrigação
da felicidade e da moral enganosa da religião,
repugno a vaidade e o ódio, a razão sem paixão,
quero o prazer a todo custo, o viver a mil por hora,
beber da taça até o último gole, gozar dentro e fora,
rir dos tombos e dos hipócritas, fazer sacanagem,
cuspir na cara das utopias da politicagem,
ser dono do meu próprio nariz,
não precisar de grana pra ser feliz,
esquecer a obsoleta e absurda educação, amar,
ser eu mesmo, fazer outra alegria pra me acriançar,
desconhecer todo medo e toda culpa, sonhar,
depois de todo cansaço da procura, descansar,
ser irresponsável, me sentir bem, conhecer um broto
e acordar em paz na Graça de me sentir um bom garoto:
aquele que dá luz, colore e descolore o céu que lhe encobre,
que desenha, apaga e não desdenha o seu papel mais nobre.
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