Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Lied por Sergio Martins
Escura manhã no longe mar...
De onde vim?
Já nem sei teu olhar...
É que ando assim
para recordar o doce lar.
“Lá” é onde flutuo, descanso pra sonhar
e sinto aquele leve de viagem à musicar,
sem me perder do agora
e aqui, na meia-luz, embora
corra um vento estranho no céu desse tardar;
de tudo o que dei e recebi não posso reclamar.
Sem ter o amargo do desdém
me visto bem pro vai-e-vem;
vou ouvir as conchas, na areia quente brincar,
erguer as velas pro sul sem medo de chegar.
Daí o pior medo de pescador
vai se afogar.
Está aí a maior façanha
de cantador:
saí a melhor criança
de meu interior.
Foto: http://porele.wordpress.com/2009/12/07/os-pescadores-de-homens/
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