Saí à rua para me alimentar de beleza e de tudo o que provei, trouxe para casa a poética das flores brancas e das rosas-chá. Nelas eu depositei um sorriso e em mim elas deixaram perfumes de saudade.
Saudade é o vazio dos instantes satisfatórios que permanecem em mim e que se torna intenso pela dor de não poder ressuscitá-los. Portanto, lançar um olhar encantador sobre a vida, também é minha tentativa de resgatar o prazer perdido: em seu perfume, a rosa faz emergir fragmentos de ocasiões suaves que habitam meu íntimo. Ela possui os meus mistérios. Entendendo a rosa, facilmente são descobertos meus enigmas; por isso me tornei-me íntimo de um botânico.
Vi flores brancas livres ao vento com suas pétalas iluminadas ao luar, dedilhei levemente o veludo sensível da rosa-chá, beijei seu corpo fascinante ao orvalho, senti o aroma de sua essência... e quando a praça se encheu de crianças, fiquei ansioso para brincar e pelo verdíssimo gramado, fui aguçado por uma sede de escorregar naquele tapete já sentindo o cheiro do capim sem me importar com o penteado e com as roupas que se sujariam; logo, me perdi do tempo no escorrego, subindo em gangorras, soltando a voz ao doce clima de me sentir dentro de um corpo útil e de uma vívida alma, chamando os amigos para um passeio no balanço onde nos divertimos até ficarmos cansados, cantamos feito loucos, caímos na grama, descansamos a barriga que doía de tanto rirmos e depois, bebemos guaraná numa mesinha de pedra em companhia das crianças.
Vi flores brancas livres ao vento com suas pétalas iluminadas ao luar, dedilhei levemente o veludo sensível da rosa-chá, beijei seu corpo fascinante ao orvalho, senti o aroma de sua essência... e quando a praça se encheu de crianças, fiquei ansioso para brincar e pelo verdíssimo gramado, fui aguçado por uma sede de escorregar naquele tapete já sentindo o cheiro do capim sem me importar com o penteado e com as roupas que se sujariam; logo, me perdi do tempo no escorrego, subindo em gangorras, soltando a voz ao doce clima de me sentir dentro de um corpo útil e de uma vívida alma, chamando os amigos para um passeio no balanço onde nos divertimos até ficarmos cansados, cantamos feito loucos, caímos na grama, descansamos a barriga que doía de tanto rirmos e depois, bebemos guaraná numa mesinha de pedra em companhia das crianças.
Navegante da vida intensa, um amigo fez cerimônia erguendo seu copo cheio de refrigerante: diante das flores, brindemos à poesia! E para não perder o embalo da euforia, reforcei o rito: porque de todas as boas contribuições da vida, as flores brancas e as rosas-chá são eternas companheiras!
Um comentário:
Sou um fã dos contos e das crônicas, e tenho encontrado vários estilos de composição, indo do sarcasmo ao ácido, do cômico ao crítico. Sempre procurei balancear meu estilo, nunca me prendendo a nenhum deles. Quem sabe, uma indefinição, ou, como diz um amigo, uma perdição.
Passei por seus textos, e deixei a crônica para o final.
Ví nela um estilo inusitado. Leve, porém dinâmico e objetivo mas, contrariando a objetividade, também vi traços poéticos. Te confesso que não sou adepto das metáforas, mas você conseguiu introduzí-las com leveza e sutileza. Gostei do que li e vi por aqui.
Parabéns, Sérgio. Você tem perspicácia, talento e um estilo muito próprio.
Abraços.
Marcio
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